Ao procurar um ficheiro no computador, dei de caras com uma entrevista do DN com Francisco Allen Gomes datada de 22 de Junho de 2002 ...
(...)André Malraux nas suas anti-memórias faz uma conversa com um padre de uma zona montanhosa, junto à vila de onde Malraux era natural e pergunta:
Ó padre que é que lhe ensinaram 15 anos de confissão?
O padre pensa e disse “Em primeiro lugar que as pessoas sofrem muito mais do que se julga, e depois que não há grandes pessoas. Não por serem excessivamente perversas mas porque de facto se sofre muito”
É a sua visão?
O ser humano é um ser que sofre imenso. E tem que sofrer: o homem é a construção mais cruel da natureza. Nasce com um handicap horrível: primeiro sabe que inevitavelmente morre; segundo não sabe quando e terceiro não sabe o que lhe sucede depois de morrer.
Eu acrescentava um quarto: que não sabe o que lhe acontece até morrer:
Já viu temos de viver com isto. Por outro lado há quem diga que a natureza humana é má. Eu digo “Quem quiser ver como a natureza humana é basta assistir ao casamento de dois jovens”.
Como assim?
Vão fazer uma ligação que a maior parte das pessoas sabe como vai terminar. Eles mesmo, quando estão na igreja, sabem bem da vida: sabem que o pai e a mãe se divorciaram, que os amigos se divorciaram. Mas quando estão a dizer o sim, com toda a pompa e toda a jura, estão convictos de que com eles vai ser diferente. E isso é extraordinário.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
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1 comentário:
É isso mesmo,apesar de todo o sofrimento, o ser humano não perde a esperança e acha que com ele vai ser diferente.
Por isso se atira de cabeça e se entrega com toda a alma. Tem sempre esperança (inconsciente) de que não vai sofrer.
Estranho, não?
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